terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Já fiz cosquinha na minha irmã só para ela parar de chorar, já me queimei
brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto, já
conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser
astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da
cortina e esqueci os pés para fora. Já passei trote por telefone. Já tomei
banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi
sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já
raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba
apressado, já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas
pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi
escondido no telhado para tentar pegar estrelas, já subi em árvore para
roubar fruta, já cai da escada de bunda. Já fiz juras eternas, já escrevi no
muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa para
sempre, e voltei no outro instante. Já corri para não deixar alguém
chorando, já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só.
Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem
vontade de voltar, já bebi Whisky e até sentir dormentes os meus lábios, já
olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo
do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci
novamente para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite
e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua, já
gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e
achei que era para sempre, mas sempre era um "para sempre" pela metade. Já
deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos
partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir
sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da
emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me
interroga, me encosta na parede e grita: "Qual sua experiência?". Essa
pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência. Será que ser
"plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam
ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem
formulou esta pergunta: - "Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo
se renova?"

Autor Desconhecido

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